segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Feriado prolongado - parte 1: Reims, Verdun, Luxemburgo

Aqui na França não é o dia 2 de novembro, Finados, e sim o dia 1º de novembro, dia de Todos os Santos, que é feriado. Portanto, neste ano tivemos um feriado prolongado, em que aproveitamos para fazer uma pequena viagem pelo leste da França, para ver alguns lugares que eu ainda não conhecia. O objetivo principal da viagem era conhecer a Alsácia, mas como tínhamos 4 dias inteiros e resolvemos ir de carro, acrescentamos algumas paradas extras. Vou então dividir o relato da viagem em dois posts, começando neste aqui.
No primeiro dia, saímos cedo de Paris e fomos até Reims, maior cidade da região francesa  Champagne-Ardenne, bastante conhecida pela sua imensa Catedral em estilo gótico e pelos seus fabricantes de... champagne, claro!  Nossa visita a Reims foi rápida, de passagem mesmo, mas fizemos duas atividades básicas: a visita da Catedral, muito antiga e bem conservada, onde foram corados diversos reis franceses, e a visita de uma “Cave” de champagne. “Caves" são as adegas onde as garrafas de champagne são estocadas para envelhecimento. Na cidade de Reims, há uma verdadeira rede subterrânea de caves, que são na verdade antigas zonas de extração de calcário – às vezes bem antigas, até do século IV! Hoje todas estas galerias estão divididas entre alguns prestigiosos fabricantes de champagne. Nós visitamos a Maison Taittinger, que, segundo o que nos foi explicado, fica no local onde havia uma antiga Abadia, destruída durante a Revolução Francesa – no subsolo, entretanto, restam vestígios desta abadia (os monges já utilizavam as antigas carreiras de calcário como adega). A visita custa 14€ por pessoa, pode ser em francês ou inglês (depende do horário) e dá direito a diversas explicações sobre a maison, as adegas e o processo de fabricação do champagne, e também a uma taça de degustação no final.
Caves de champagne da Maison Taittinger - Reims

As garrafas são colocadas nestes suportes quando o envelhecimento ja esta completo. A posição é para favorecer a decantação do deposito que se forma na bebida (que devera ser eliminado antes da venda).


As adegas são imensas... apenas neste "cantinho", mais de 72 mil garrafas de champagne...


Quando o champagne esta pronto, ganha um belo rotulo e rolha...

... e é comercializado ao redor do mundo!


Catedral de Reims

Catedral de Reims - interior


Catedral de Reims - detalhe da rosacea

Depois de Reims, seguimos em direção a Verdun, onde visitamos alguns locais históricos da Primeira Guerra Mundial. Começamos pela “Butte de Vauquois”, ao pé da letra “Monte de Vauquois”, que um dia já foi um monte onde um dia existiu um vilarejo chamado Vauquois. Como a região é bastante plana, esta pequena colina foi considerada um local estratégico e foi ocupada pelos alemães logo no início da guerra, em 1914. Os franceses retomaram o monte em 1915, e começou então o que é chamado de “guerra de posições”: trincheiras alemãs de um lado, francesas do outro, os soldados cavavam túneis para atingir o lado inimigo e então detonar explosões com minas, para causar o maior número de baixas possíveis. Mais de 14000 soldados ali morreram, a Butte de Vauquois só foi liberada em setembro de 1918. Hoje ficaram no local as trincheiras, restos de arame farpado, e os enormes buracos de explosões. Impressionante.
Depois, fomos a Douaumont, onde há um Ossuário onde estão ossos encontrados nos campos de batalha e, na frente, um cemitério de guerra, com túmulos de 15000 soldados franceses identificados. O outro monumento que visitamos foi a “Tranchée des Baïonettes” (trincheira das baionetas), que tem uma história curiosa (e um pouco controversa): soldados que estavam em sua trincheira teriam sido enterrados vivos pela terra ejetada por explosões de minas, e foram descobertos mais tarde apenas porque as pontas de seus fuzis, com suas baionetas, emergiam da terra. Um monumento foi construído em 1920 sobre a trincheira, e os soldados continuam ali enterrados, de pé.

Butte de Vauquois - buracos feitos pelas explosões de minas. Reparem no arame farpado à direita na foto.

Butte de Vauquois - Trincheira da 1a Guerra Mundial


Butte de Vauquois - Trincheira da 1a Guerra Mundial


Douaumont - Cemitério francês da 1a Guerra Mundial
Após estas visitas históricas, mas um tanto tristes, resolvemos mudar de país e seguimos rumo a Luxemburgo! Luxemburgo é um pequeno país, com apenas 2586 km quadrados e 500 mil habitantes, mas  é um dos países fundadores da Comunidade Europeia e tem o maior PIB per capita do mundo. Luxemburgo tem um Duque e um primeiro ministro, ali se fala luxemburguês, francês, e alemão, e há 15% de portugueses na população – fiquei impressionada, ouvimos muito português na rua!
Nós visitamos apenas a capital, Luxemburgo, que é uma cidade fortificada desde as épocas romanas, fortificações que foram evoluindo ao longo da história. O centro antigo da cidade é chamado de “cidade alta”, porque está no alto de falésias, que foram o vale dos dois rios que passam por ali. A cidade tem então vários níveis, e pontes e viadutos impressionantes que cortam o vale e ligam as diferentes regiões. Luxemburgo tem também muitas árvores, muitas áreas verdes – e como estamos no outono, elas não eram simplesmente verdes, mas multicoloridas! Um espetáculo, eu adoro as cores do outono.
Vista do centro de Luxemburgo, encarapitado no alto da falésia (foto um tanto palida por causa da nevoa matinal...)


Luxemburgo tem um Duque. E onde tem nobreza, tem guardinhas "fantasiados" na porta...


Brasão do Grão-Duque de Luxemburgo

Luxemburgo - vista da parte baixa da cidade

Luxemburgo

Luxemburgo
Depois de Luxemburgo, seguimos para Strasbourg e atacamos então o objetivo principal da viagem: a Alsácia. Mas isto é assunto para o próximo post!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Aula rápida de culinária - Cook and Go

Quando Clément e eu fizemos aniversário, no meio do ano, ganhamos dos nossos amigos aqui na França um vale para uma aula de culinária na Cook and Go, rede que tem 3 unidades em Paris e também está presente em Lyon, Marseille, Grenoble e Lille. A Cook and Go não é realmente uma escola de culinária propriamente dita, a proposta é um pouco diferente: são sessões curtas, de no máximo uma hora e meia, durante as quais você prepara uma ou mais receitas, e no final leva tudo para degustar em casa. Há várias fórmulas diferentes disponíveis, nós ganhamos - e testamos - o "Tête à tête gourmand": o ateliê dura uma hora, vale para um ou dois participantes, e prepara-se uma entrada, um prato e uma sobremesa para duas pessoas. A fórmula dá também direito a uma garrafa de vinho para acompanhar o jantar.

Tudo começa com a reserva, que é feita pelo site: deve-se obviamente escolher a data, a hora e o local do ateliê, mas também os pratos que serão preparados. A escolha é simples: a cada mês, são propostos 4 menus temáticos diferentes, o que resulta em 4 entradas, 4 pratos e 4 sobremesas distintos. Você escolhe um de cada, e pronto. Não é preciso escolher tudo dentro de um mesmo tema, nós por exemplo escolhemos duas receitas de um "menu verão" e uma de um outro de que não me lembro o nome.

Chegando no ateliê, os "cozinheiros" ganham um avental descartável e... mãos à massa! As receitas estão impressas, bem detalhadas, e disponíveis sobre as bancadas de trabalho. O chef explica os pontos importantes da receita, dá algumas dicas, e basicamente fica de olho para ver se você não está fazendo bobagem.

Os pratos que preparamos foram estes:

"Guacamole de fèves, dips de légumes"
(guacamole de favas,  palitinhos de legumes)

"Papillote de rouget, romarin et pastis"
(papelote de salmonete,  alecrim e  pastis, uma bebida a base de anis)

"Amandine poire, chocolat et rhum"
(tortinha com massa folhada,  recheio de farinha de amêndoas, chocolate meio-amargo, rum e peras em calda)
 Conclusão: não é realmente uma aula de culinária, já que não tem o passo-a-passo detalhado e algumas etapas já estão pré-realizadas para ganhar tempo (por exemplo legumes lavados e descascados, às vezes picados, o filé de peixe está prontinho e limpinho, etc.). Mas o legal mesmo é aprender receitas diferentes, criativas, que você não necessariamente imaginaria, e aprender alguns truquezinhos do chef. Nós fomos à unidade de Paris 9ème, e o chef ali é um jovem bem simpático, formado pelo Institut Paul Bocuse de Lyon. Como eu sou curiosa, fico perguntando várias coisas, e e ele vai mostrando truques como a maneira correta de cortar os legumes para ter palitos bem regulares e não coisas tortas e monstrengas, como tirar as raspas de limão corretamente, como dobrar o papel aluminio para o papelote, o porquê de ser necessário furar com o garfo o fundo da massa folhada, como cortar as peras e colocá-las de maneira bonitinha sobre a torta, etc.

No final de cada receita, tudo é bem embaladinho para viagem. Chegando em casa, algumas receitas estão prontas (como a nossa entrada) e algumas só precisam de 15 minutinhos de forno. E o resultado ? Um jantar muito gostoso!

Ja em casa, tudo prontinho para ir ao forno!

Cozinhando a dois - quem tem Facebook, clica aqui e da um like na nossa foto, ajude-nos a ganhar uma caixa de champagne! rs ;-)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Petit post : loja Nespresso na rue Tronchet

Hoje, saindo do trabalho, eu tinha que passar na Fnac e também na loja da Nespresso para comprar as capsulas de café que mantém os meus colegas acordados. (Como eu sou uma das unicas pessoas do meu departamento a morar em Paris mesmo, e ainda por cima em um lugar com lojas da Nespresso não muito longe, e como eu sou também uma pessoa legal, eu aviso meus colegas quando vou passar por perto da loja e eles me fazem as encomendas). Normalmente vou à loja que fica ao lado da Opera Garnier, mas outro dia passei na frente de uma nova loja na rue Tronchet e resolvi passar nesta, que imaginei seria um pouco mais vazia que a da Opera.

E eis que me deparo com uma loja toda modernosa, V-A-Z-I-A, e com um conceito diferente das outras lojas Nespresso: ali, o esquema é "self-service". As caixinhas estão espalhadas em distribuidores em todas as paredes. Você pega a sua sacolinha, vai puxando as caixinhas (que são imediatamente substituidas por uma nova, em um sistema automatico) e colocando na sacola, e depois passa em um caixa também automatico. Basta colocar sua sacola dentro da maquina, que vai ler magneticamente os produtos que você selecionou (tem um chip nas caixinhas), apresentar para sua validação na telinha e fazer a soma. Você então saca o seu cartão, insere na maquina, coloca a senha, pagou, merci, au revoir.

Fonte: blogs.lesechos.fr/echosconso
Adoro coisas modernas! Principalmente quando elas me fazem ganhar tempo e evitar filas, porque sai da loja feliz e saltitante com meus cafés em menos de 5 minutos, enquanto na loja da Opera, é impossivel pegar uma fila de menos de 15 minutos. Recomendo!

P.S. Post sem acentos hoje (tirando o "é" e os "^", que são os unicos disponiveis no meu teclado) porque estou com preguiça de fazer todas as manipulações informaticas que tenho que usar para escrever em português decente.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Quem não tem cão, caça com gato. Ou : desde quando eu acompanho a Copa do Mundo de Rugby

Não sei se no Brasil a Copa do Mundo de Rugby está sendo noticiada, mas não duvido nada que a maioria dos brasileiros não façam nem ideia de que 1) isto existe 2) a edição 2011 está acontecendo desde setembro na Nova Zelânida e 3) a França está na final, domingo, contra os donos da casa.

Pois é, minha gente, eu estou por dentro da Copa do Mundo de Rugby. Os jogos são de final de semana, e como são na Nova Zelândia, com o fuso horário, acontecem no início da manhã aqui na França. Então eu inclusive andei não dormindo até meio-dia de sábado para ver a França jogar. Nas quartas de final, contra a Inglaterra, rolou até um “english breakfast” com os amigos aqui em casa, para assistir ao jogo. Enfim, acho que estou sentindo falta de acompanhar o Campeonato Brasileiro, jogos da Seleção e coisas do tipo, então estou transferindo o gosto por futebol (não sou fanática, mas sempre gostei e acompanhei um pouco) para o rugby. Porque campeonato de futebol francês não dá, né, e aquela seleção deles então, melhor nem falar...

Rugby é um esporte um tanto esquisito e bem complicadinho : no começo eu não entendia patavinas, agora estou entendendo um pouco mas ainda não consigo explicar. O básico é: passes (com a mão), só na mesma linha ou para trás. Para a frente, é só no chute e correndo com a bola na mão, até você ser bloqueado por uns 5 trogloditas. Um chute que passa por cima daquelas traves gigantes vale 3 pontos. Carregar a bola até o fundo do campo do adversário (passar a última linha e colocar a bola no chão) vale 5 pontos e dá direito a um “chute a gol” que vale mais 2 se passar. Agora difícil é entender quando é falta, quando não é, porque entre os bloqueios de tudo quanto é jeito, e os passes que sei lá eu se foram para frente ou para trás (muito pior que a regra do impedimento no futebol!), eu confesso que me perco. Mas acho divertido de assistir.

O que acho interessante também no rugby é saber que aqueles jogadores enormes, parecendo uns trogloditas, são admirados aqui na França porque se preocupam com o espírito de equipe, o valor do esporte, a honestidade. No rugby, é raro ver faltas maldosas, jogadores simulando falta, xingamentos e briguinhas desnecessárias, como a gente cansa de ver no futebol. Na França, o rugby é um esporte muito popular no sudoeste, mas no momento o país inteiro está ligado na Copa do Mundo. O “XV de France”, como é chamada a equipe (XV = 15 = número de jogadores) chegou na final meio que aos trancos e barrancos, mas chegou e é isso que importa. Para o jogo de domingo, eles são os azarões, se ganharem vai ser zebra total, já que a Nova Zelândia, além de ser a dona de casa, tem um time muito forte. A seleção da Nova Zelândia é conhecida como “All Blacks”, porque o uniforme deles é preto. E eles são mundialmente famosos por fazerem antes do início do jogo o “haka”, uma dança com origem nas tribos das ilhas do Pacífico Sul e que serve para impressionar o adversário. E olha, impressiona mesmo :



Vamos ver se os franceses vão conseguir resistir...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Tirando a poeira…

Acho que este blog nunca esteve tão abandonado – nenhum post desde o dia 17 de julho, quase 3 meses! Muita gente deve estar achando que eu desisti de vez de escrever por aqui… mas não, é só questão de (falta de) organização mesmo!

O que aconteceu durante estes 3 meses? Muita coisa! Julho e agosto são os meses de férias de verão aqui na França. Na minha empresa (e na grande maioria das empresas francesas, na verdade), tem coletivas nesta época (3 ou 4 semanas), então todo mundo sai de férias mais ou menos ao mesmo tempo, entre o final de julho e agosto. Os últimos dias de julho acabam sendo uma fase no trabalho onde você tem 40 milhões de coisas para fazer, todo mundo querendo resolver tudo-ao-mesmo-tempo-agora antes de sair de férias. Lógico que não dá, né, mas você trabalha feito louco tentando. Mas o bom é que no dia marcado para as férias, mesmo com um monte de coisa não resolvida, rola um botão “pausa”: você enfia tudo na gaveta e vai embora feliz e saltitante aproveitar o verão.
A primeira parte das nossas férias foi em La Palmyre, cidade litorânea aqui na França onde a família do Clément tem uma casinha simpática. Passamos uma semaninha por lá, com os pais dele e com a nossa sobrinha, descansando, passeando, aproveitando a praia, fazendo churrasco. Demos sorte, porque na semana anterior o tempo estava feio, e nós só pegamos um dia de chuva.

Depois disso, voltamos a Paris, desarrumamos as malas, arrumamos de novo e... Brasil! Foram 2 semanas e meia na terrinha, muito corridas, mas que valeram muito a pena. Além de aproveitar para rever família e amigos, realizamos um desejo antigo e conhecemos os Lençois Maranhenses, 10 dias entre São Luís e Jericoacoara. Em terras paulistas, rolou lasanha da vovó, buraco quente com os primos, feijoada da mamãe, encontros com amigos queridos... Tanta coisa boa que não dava vontade de vir embora!

Mas viemos, e logo após o desembarque no Charles de Gaulle, viemos direto para o trabalho! A primeira semana até que foi sossegada, ainda tinha muita gente de férias, todo mundo num ritmo mais leve... Mas na última semana de agosto, pronto! Lembra daquele botão “pausa” apertado no final de julho? Pois é, apertou-se o “play”, e aquele monte de coisas voltou à toda, e ainda ganhando a companhia de todos os novos assuntos da fase final do ano. As semanas de trabalho estão bem complicadas e longas...

No pouco tempo livre e nos finais de semana, várias coisinhas: teve aula de culinária a 4 mãos, presente que havíamos ganhado dos amigos nos nossos aniversários, em junho. Almoço com os cunhados e a sobrinha. Pequena viagem à Espanha para encontrar amigas (brasileiras!) queridas que estavam passeando por aquelas bandas. Visita aos sogros na Normandia. Fim-de-semana como babá da sobrinha. Visita à avó do Clément, no interiorrrrr. Visita aos amigos e passeios mil para aproveitar o “restinho” de clima agradável que ainda resta(va). Jogos da Copa de Mundo de rugby. Comecei a fazer aula de tênis.

E por aí vai... tanta coisa acontecendo, que o tempo andou um pouco curto para escrever por aqui. (E a preguiça andou um tanto grande, né, eu admito). Mas agora que o tempo está esfriando, (acho que) vou parar de saracutear para todo lado e aí vou colocar as coisas em ordem no blog. Várias ideias de posts apareceram durante estes 3 meses, vou tentar publicar aos poucos. Então, em breve neste pequeno blog:

- um típico churrasco francês
- os Lençois Maranhenses
- Sevilla, Córdoba e Granada
- aula de culinária
- rugby

E é claro, a “programação normal” : dicas de restaurante, receitas, comentários sobre o dia-a-dia na França e qualquer outra bobagem que me der na telha! :-)

domingo, 17 de julho de 2011

Dica de filme: L'arnacoeur

Neste final de semana estava sozinha em casa e resolvi assistir novamente uma comédia romântica francesa que saiu nos cinemas aqui no início do ano passado e teve bastante sucesso. O filme chama-se L’Arnacoeur e estreou recentemente no Brasil (em maio nos cinemas, não consegui descobrir se já saiu ou quando sai em DVD) com o título um tanto ridículo de “Como arrasar um coração”. Ok, está certo que o título francês é um trocadilho, mistura as palavras “arnaqueur”, que quer dizer vigarista, trapaceiro, e “coeur”, que significa coração. Não é simples de traduzir, mas não sei como os tradutores para arrumar títulos tão ruins e pouco atrativos. Mas enfim, voltando ao filme...

A história é sobre Alex, interpretado por Romain Duris, que junto com sua irmã e cunhado tem uma agência cujo negócio é destruir casais. O esquema é o seguinte: você conhece uma mulher (sua irmã, sua amiga, sua filha) que está em um relacionamento, não é feliz, mas não toma coragem para terminar tudo? Contrate Alex e ele se encarrega de seduzi-la para “liberá-la” deste relacionamento infeliz. E é claro que, como o filme é uma comédia romântica, vai rolar um probleminha com Juliette, o mais novo “objetivo” de Alex. Vejam o trailler (legendado!):


Como eu já disse, é uma comédia romântica. Ou seja, é um filme B-O-B-O,  cheio de clichês de comédia romântica – mas tem vários momentos engraçados, protagonizados principalmente pela melhor amiga de Juliette, que é ninfomaníaca, e pelo cunhado de Alex, que é um tantinho... maluco. Vale a pena para mudar um pouco das comédias americanas.

E ah, uma curiosidade: a atriz que interpreta Juliette é a Vanessa Paradis, que além de mulher do Johnny Depp, é também cantora. E ela é cantora e atriz há um boooom tempo, desde a sua adolescência, lá pelos idos dos anos 80. E o primeiro grande sucesso de Vanessa, em 1987, foi este aqui (atenção, clip dos anos 80...!):


Que eu adorava na versão brazuca da Angélica, e até bem pouco atrás não fazia a mínima ideia que a versão original era francesa...

domingo, 10 de julho de 2011

Triathlon de Paris

Quem aí gostaria de nadar no rio Sena, em plena Paris, aos pés da Torre Eiffel?

Para quem acha que isto é coisa de maluco, saibam que quase 3000 malucos se levantaram hoje bem cedinho para fazer exatamente isto, e ainda por cima andar de bicicleta e correr alguns quilômetros pelas ruas da cidade. Para quem ficou interessado, é só anotar na agenda e se preparar para participar do Triathlon de Paris em 2012.

Foram 1,6 km de natação (no rio Sena, partindo da ponte Alexandre III e chegando na ponte de Iéna, aos pés da Torre), 40 km de bicicleta (saindo do Champs de Mars, indo até o Bois de Boulogne e voltando para os pés da Torre, com várias voltinhas no meio do caminho)  e 10 km de corrida (duas voltas no Trocadéro e ao lado do Sena nas proximidades da Torre), com a chegada na ponte de Iéna. E um dos 3000 malucos, vocês bem desconfiaram, foi o Clément, no seu primeiro triathlon. Ele chegou na 715a posição em 2 horas e 26 minutos, e ficou muito contente com o tempo - ele tinha previsto um pouquinho menos de 3 horas.

Hoje foi então mais um dia de ambiente esportivo nos arredores da Torre Eiffel, era muito divertido ver os turistas desavisados chegando para a visita mais clássica da França e dando de cara com gente saindo do rio, bicicletas, corredores. Mas o mais interessante mesmo foi observar o Sena e, ao invés de “Bateaux Mouches” passeando, ver um monte de braços e cabeças avançando naquelas águas...













E aí, quem se habilita? ;-)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ala-la-ô, ô ô ô ô ô ô

O meu programinha de previsão do tempo no telefone às vezes me diverte logo de manhã. Vejam a telinha da previsão do dia:

Em tradução livre by Fernanda: "CALOR DOS INFERNOS ! (calor dificilmente suportável na região metropolitana, próximo aos records para um final de junho)"

Aí quando você vai ler o detalhe, eles explicam que esta onda de calor é por causa de uma massa de ar muito quente vinda diretamente do deserto do Saara ! Achei o máximo e lembrei da marchinha de Carnaval! :-)
Os franceses são muito ligados na previsão, e desde 2003 quando fez aquele calorão que matou um monte de velhinhos, sempre que faz um calor um pouco mais forte do que o normal são inúmeras as mensagens para beber bastante água, vestir roupas leves, não fazer esforços físicos, etc. Já logo previ que hoje o trabalho ia estar em clima "verão" e não deu outra: homens de camisa de manga curta, mulheres de saias, vestidos, rasteirinhas… Eu vim de calça e tive direito ao comentário "tá maluca? Maior calor!" E aí o legal é responder com um arzinho blasé : "Calor? Calor é no Brasil, isto aqui não é nada demais!"

Vi que neste fim-de-semana nevou em São Joaquim… e em SP, muito frio? Aqui espero que a gente continue com a marchinha de Carnaval por vários dias…

Ala-la-ô, ô ô ô ô ô ô…
Mas que calor, ô ô ô ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara

domingo, 19 de junho de 2011

Jantar de aniversário - Café Constant

No sábado passado, meu aniversário, eu queria ir jantar em um lugar que ainda não conhecesse, que servisse coisas gostosas e tradicionais francesas, mas fugindo do básico. E de preferência, que não custasse os olhos da cara. Parece difícil, não? Pensei um pouquinho e a escolha foi o Café Constant, por 3 motivos: 1) foi recomendado pelos nossos amigos Ronan e Juliette, que estiveram lá há alguns meses, adoraram e deixaram até um cartãozinho em casa 2) já foi recomendado também no Conexão Paris, o que para mim é uma excelente referência (vejam os posts aqui e aqui) e 3) o chef é brasileiro (um conterrâneo se dando bem nas cozinhas francesas!) e o outro chef-proprietário é Christian Constant, famoso chef  francês, que tem outros restaurantes bem reconhecidos em Paris e que recentemente até participou como jurado da versão francesa do reality show de cozinha "Top Chef" (momento confissão: sim, eu assisto – e adoro! – reality shows de cozinha hahaha)

O Clément topou a escolha e lá fomos nós, rumo ao restaurante, que fica próximo ao metrô Ecole Militaire, do ladinho da Torre Eiffel (adoro!). O restaurante não faz reserva, chegamos por volta de 20h30, então preparados para esperar um pouquinho. Deixamos o nome com a atendente do bar (simpática) que nos informou que demoraria uma meia hora, nós então resolvemos ir dar uma volta para a ver a Torre (não resisto). Voltamos 15-20 minutos depois, a ideia era pedir uma taça de rosé no bar para terminar a espera, mas nem deu tempo, logo chamaram a gente para uma mesa. O restaurante tem dois andares, pegamos uma mesa no 1º. É estilo restaurante parisiense mesmo, bem apertadinho, não vá esperando privacidade porque você vai sim ouvir a conversa dos seus vizinhos. Mas beleza, nós estamos acostumados e já sabíamos, então sem surpresas. Como era "jantar de festa", fomos no esquema tradicional: entrada, prato e sobremesa, acompanhado por uma garrafa de vinho tinto. As escolhas foram:

Entrada – Tarte fine de gambas grillées, salade de pousses d’épinard et sauce citronnelle


O que é: torta fina folhada com camarões graúdos grelhados (gambas), salada de brotos de espinafre e molho de citronela (prima da erva cidreira). O molho parecia uma espuma de tão leve, e os camarões estavam suculentos!


Entrada – Tartare de saumon, huîtres et bar relevé au gingembre


O que é : tartare de salmão, ostras e robalo temperado com gengibre.
"Tartare" é um modo de preparo culinário que consiste em cortar carne (tradicionamente carne bovina, mas em versões modernas peixes e até mesmo legumes) em pedaços bem pequenos (ou então moer) e servir cru.  Neste caso o tartare é servido nas conchas das ostras, que por sua vez vêm sobre uma camadinha de sal grosso, achei charmoso! 


Prato – Parmentier de cuisse de canard croisé, pommes gaufrettes et salade mesclun


O que é : "escondidinho" de coxa de pato, batatas em forma de gauffres (waffles) e salada.
Muito antes da aparição do escondidinho de carne seca no Brasil, os franceses já haviam inventado o "hachis parmentier" ou simplesmente "parmentier" : carne bovina moída refogada, recoberta de purê de batata e gratinada com bechamel e queijo). Um clássico. Nesta versão moderna, a carne de boi é substituída por pato, o refogado tinha também cogumelos que davam um sabor sensacional, e ainda tinha uma coxa de pato inteira ao lado. Não tinha bechamel e queijo, mas sinceramente, nem precisava.


Prato – Basse côte de la Blonde d’Aquitaine, purée de mon enfance


O que é: basse côte é um corte de carne bovina. Comparando um "mapa do boi" francês com um brasileiro, seria a parte alta do acém. Mas sei lá, eu não entendo muito de mapas de boi e como o corte é diferente, tudo é diferente. A Blonde d’Aquitaine é uma "vaca de grife", a carne é conhecida por ser muito macia. E purée de mon enfance era um "purê de batatas da infância". Muito cremoso, excelente.


Sobremesa – Quenelles au chocolat noir, crème anglaise


O que é: Quenelle normalmente é um prato salgado, são bolinhos feitos à base de farinha, com temperos, às vezes com um pouco de peixe na massa, e servido com molhos. Comi quenelles acho que duas vezes na vida e achei meio sem graça. Mas estas quenelles de chocolate amargo, que eram na verdades "bolinhos" feitos de pura ganache de chocolate, que delícia! “Crème anglaise” ou creme inglês é um creme perfumado com baunilha, que aqui na França se serve frio com vários tipos de sobremesa.

Sobremesa – Profiteroles maison, sauce chocolat chaude


O que é: Clássico, mas que neste caso dava para ver que era fresquinho e preparado na hora. Os “choux”, bolinhos, cortados ao meio, a bola de sorvete de creme, e a calda de chocolate quente veio em uma jarrinha separada e foi despejada por cima pelo garçom no momento de servir.

O vinho que acompanhou tudo isto foi um Bourgogne. Bom vinho, preço correto (27€).



No almoço, o Café Constant tem menus entrada + prato ou prato + sobremesa a 16€, entrada + prato + sobremesa custam 23€. No jantar, é à la carte, fica um pouco mais caro: as entradas custam 11€, os pratos 16€ e as sobremesas 7€. Nossa conta deu então um pouco menos de 100€, o que eu considero um custo-benefício excelente: produtos de qualidade, pratos saborosos e com apresentação original, clássicos mas saindo do comum. Além de tudo atendimento simpático, rápido, sem frescuras mas sem enrolação. Atendeu minhas expectativas, então fica aqui a recomendação.

Café Constant
139 rue Sainte Dominique
75009 Paris
Metrô : Ecole Militaire (linha 8)

sábado, 11 de junho de 2011

Mademoiselle

Aqui na França, a forma de tratamento entre as pessoas é muito mais formal do que a que utilizamos no Brasil. Quando não conhecemos ou temos pouca intimidade com alguém – isso vale quando pedimos informação para alguém na rua, com um vendedor em uma loja, com o seu médico – é imperativo usar as formas de tratamento formais que são usar o “vous” no lugar do “tu” e também os famosos “monsieur, madame, mademoiselle”. Experimente chamar o garçom do restaurante de “tu” para ver quando tempo você vai levar para ser servido... é sinal de falta de educação, e pronto.

Embora seja um traço desta formalidade, eu adoro ouvir um “Bonjour Mademoiselle” quando entro na padaria, na farmácia, na banda de jornal. Primeiro porque acho que soa tão bonito, que até comprar uma baguete fica chique! E segundo que quando me chamam de Mademoiselle, isto quer dizer que acham que sou jovem demais para ser casada, e isto, convenhamos, faz qualquer mulher achar que ganhou o dia, concordam?

Bom, tudo isto só para dizer que hoje é dia de atualizar a idade ali no canto superior esquerdo da página, e que eu espero que os franceses desconhecidos continuem me chamando de Mademoiselle por muuuuuito tempo... ;-)

Encontrei no Google e achei bonitinho...
  http://fr32c.free.fr/Problog/index.php?2007/10/31/71-oui-mais-non 

P.S. O blog andava às moscas porque é muita coisa acontecendo ultimamente. Além do trabalho, coisas muito legais também como ida a Roland Garros e viagem para a praia, que vão render alguns posts em breve.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fim-de-semana no campo

No último fim-de-semana fomos visitar a avó do Clément, que mora na campagne, como se diz aqui na França, ou, como diríamos no Brasil, no interiorrrrr. Mas interior no sentido zona rural mesmo – então foi um fim-de-semana bem atípico para quem mora em cidade grande barulhenta, tem vizinhos a menos de 10 metros em todas as direções e só vê frango e boi na bandejinha do supermercado.




A avó do Clément mora em uma pequena fazenda, em uma cidadezinha chamada Messais que fica a quase 4 horas de Paris, mais ou menos perto de Poitiers. Tivemos que ir de carro, porque a cidadezinha é realmente pequena, e não tem trem que chega por lá. Aproveitamos para descansar bastante, andar de bicicleta nas estradinhas cortando as plantações, ver os bichos e fazer coisas diferentes.

Na fazenda tem carneiros...



... coelhos ...
 

... um ganso nervosinho e algumas galinhas...


... e nas vizinhanças, um burrinho simpático.
 

No jardim pudemos comer framboesa do pé (deliciosas)...
 

... e cerejas também !
 

E até na nossa ida ao supermercado foi um pouco original, afinal, não é nas prateleiras do Carrefour de Paris que a gente vê uma grande variedade de sementes...


... e até rolhas (!) para quem produz vinho caseiro.


Agora, é atacar novamente a vida parisiense – nos próximos dias, com direito a Roland Garros para sair um pouco da rotina.
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