domingo, 27 de fevereiro de 2011

França, Brasil e cirurgia plástica

Quando eu conheço um francês novo (ou um grupo de franceses), e ele fica sabendo que eu sou brasileira, tem alguns assuntos que vão invariavelmente, mais cedo ou mais tarde, aparecer na conversa. O Carnaval, as praias, o Rio, futebol, Zidane e a final de 98, a Amazônia, o Lula. Estes são os clássicos, vistos e revistos, conversas com scripts já decorados, de cor e salteado. Mas tem um outro assunto, um pouco mais inusitado mas que também aparece bastante, que me diverte muito: cirurgia plástica.

Costuma acontecer assim: meu novo amigo/conhecido francês me diz, como quem não quer nada, que há uns tempos atrás viu uma reportagem na televisão que dizia que o Brasil era um dos países com o maior número de cirurgias plásticas no mundo. Ele, francês que não acredita assim tão fácil em tudo o que a televisão diz, afinal a televisão também diz um monte de bobagem, está então doidinho para saber, direto de uma verdadeira brasileira, se isso é mesmo verdade. Eu olho para o francês, respondo “É, sim”, e continuo almoçando/tomando meu café com cara de paisagem.

- Sério? Muita cirurgia plástica mesmo? – ele pergunta novamente.
- Muita.
- Mas assim... Você conhece alguém que fez plástica?
- Ô se conheço.
- Quantas pessoas? – ele insiste.

Aí vem a parte que eu começo realmente a me divertir. Coloco o garfo/ o copo de café sobre a mesa e começo a contar nos dedos:

- hum... deixa eu ver... um nariz, uma lipo, silicone, mais um nariz, e outro, silicone, outro silicone, mais um, mais outro, lifting, silicone de novo... que eu me lembre agora... acho que é isso, 11. Ah não, peraí, mais um silicone! 12!

O francês vai abrindo um pouco mais a boca a cada dedo que eu acrescento na contagem, e no final, totalmente boquiaberto, ele pergunta se eu não estou exagerando e tirando sarro da cara dele.

- Não tô, não. Quer que eu diga os nomes ?

:-)



Em tempo: segundo dados da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery), em 2009 o número de cirurgias plásticas por motivos puramente estéticos na França foi estimado em 140 mil, enquanto no Brasil bateu a casa de 1 milhão de cirurgias. Mesmo comparando com o total de habitantes – 1 para 464 habitantes na França e 1 para 192 no Brasil – dá para entender perfeitamente o espanto dos franceses... este não deixa de ser um belo exemplo de diferença cultural entre França e Brasil.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O lado bom dos atrasos de trem

Os inúmeros atrasos de trem citados no post de ontem até que têm um lado bom: se numa viagem de longa distância o trem atrasa mais de 30 minutos, há um reembolso parcial da passagem. Assim, você fica revoltado por causa do atraso (e por ter chegado atrasado em um compromisso, ou perdido 30 minutos preciosos do seu fim-de-semana na praia dentro do trem), mas pelo menos há um consolo.

O consolo vem em forma de cupons da SNCF que devem ser usados para comprar novas passagens. (rá, você também não estava achando que eles iam dar dinheiro vivo, né?). Clément e eu fomos acumulando nossos atrasos do ano e virou isto aqui, ó:



Ou seja, 88€ de cupons, que fizeram o nosso próximo fim-de-semana na Normandia sair pela módica soma de 8€ euros ida e volta para os dois. Só esperando que o trem não atrase... ;-)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Petit post: a SNCF me diverte

Seguindo o exemplo dos “mini-posts” e “posts rápidos” dos blogs das amigas (os links estão aí do lado), vou inaugurar a "seção" por aqui.

Hoje de manhã, chegando na estação para pegar o trem para o trabalho, o pessoal de um dos sindicatos da SNCF (a empresa de trens) estava distribuindo panfletos pedindo a união dos usuários dos trens aos trabalhadores da empresa para exigir medidas visando melhorar o serviço. Ultimamente os atrasos de trens (tanto em linhas regionais em Paris quanto nas de longa distância) são tão frequentes que acabam até virando notícia na mídia.

O panfleto explicava tudo isto, as razões dadas pelo sindicato para explicar os problemas da degradação dos serviços (as inúmeras greves, segundo o panfleto, não têm nada a ver com isso) e pedia uma colaboração bem simples dos usuários dos trens: assinar um abaixo-assinado, que estaria disponível na estação das 9h às 17h. Não pude deixar de rir: na SNCF, até abaixo-assinado trabalha pouco :-)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

BrowBar Benefit - Bar à sourcils

Quem me conhece sabe que eu não tenho lá muita habilidade manual (definitivamente não puxei minha mãe neste ponto), e no quesito desenho eu sempre fui péssima. Mesmo. Até em desenho técnico na faculdade eu era ruim, o que dirá em desenhos bonitinhos, artísticos, e com um mínimo de senso estético. Tudo isto para explicar que eu sou simplesmente incapaz de depilar as minhas sobrancelhas sozinha, então é claro que tive que procurar aqui em Paris alguém para substituir a minha querida Melissa, minha cabeleireira de Vinhedo que fazia isto para mim (saudades!).

Depois de duas tentativas que não me deixaram lá muito convencida do resultado (uma em um salão de cabeleireiro e outra em uma esteticista aqui na minha rua), resolvi testar o BrowBar Benefit, que existe em algumas lojas da Sephora aqui em Paris. A Sephora, para quem não conhece, é uma grande rede de lojas de perfumes e cosméticos francesa, com (quase) todas as grandes marcas. A Benefit é uma marca americana de cosméticos e o BrowBar (ou "bar à sourcils" em francês ou "bar de sobrancelhas") é um cantinho dentro da loja mesmo, com maquiadoras/esteticistas formadas e contratadas pela marca para fazer depilação/design de sobrancelhas. Não tinha testado antes o BrowBar por dois motivos: falta de paciência (nos horários em que eu passo, sempre está meio cheio e tem que esperar, ou então marcar hora, e eu sempre esqueço) e o preço, 21€, bem mais caro que em esteticistas (12-13€).

Foto do site da Benefit (www.benefitcosmetics.com). Este BrowBar deve ser nos Estados Unidos, os daqui da França são mais apertadinhos...

Mas eis que outro dia eu tinha ido (para variar) gastar alguns euros na loja da Sephora em que vou normalmente, e topo com um BrowBar fresquinho, aberto há menos de uma semana, e consequentemente ainda com pouco movimento em relação aos outros. Resolvi aproveitar a oportunidade, esperei 5 minutinhos porque a esteticista estava terminando uma maquiagem e pronto. Todo o material utilizado é descartável, os produtos (cera, óleo, loção calmante) têm perfumes leves e agradáveis, a cera não me deu alergia nenhuma (e olha que minha pele é bem sensível), a depilação durou uns 15 minutos. E o resultado? Adorei! Pena que aquele dia a esperta aqui tinha esquecido o celular em casa, se não eu teria tirado uma foto do momento “uma sobrancelha pronta a outra não”, quando deu para perceber que a esteticista realmente sabia o que estava fazendo.

Para terminar a sessão, é claro que a esteticista/maquiadora é também um pouco vendedora, então rolou a parte “a gente tem este produto aqui, é fantástico, veja, vou te ensinar a maquiar suas sobrancelhas”. O produto é o BrowZings, um kit para maquiar as sobrancelhas: uma cera disciplinante (e o pincel diagonal para aplicar fazendo o contorno da sobrancelha), um pó para preencher/colorir (e o pincel para aplicar) e mais uma mini-pinça. Como vocês perceberam, a vendedora me convenceu :-)


BrowZings Benefit: 29€ na Sephora, 3 tons disponíveis

BrowBar Benefit: 21€ a depilação com cera e/ou pinça.
Existe em algumas das lojas Sephora de Paris – eu conheço na Sephora Champs Elysées (70/72 Av des Champs Elysées 75008 Paris), na Sephora Opéra (21/23 Bld Haussmann 75009 Paris) e onde eu fui, Sephora Passage du Havre (109 rue Saint Lazare 75009 Paris)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A receita das coxinhas

Atendendo a pedidos (3 aqui nos comentários do blog e mais alguns no facebook), coloco então aqui a receita das coxinhas. Confesso que não tinha colocado por pura preguiça, é meio longo ;-)

Ingredientes da massa
2 ovos
2 copos de leite
1 copo do caldo onde cozinhou o frango
100 g de manteiga
4 copos de farinha
1 cubo de caldo de galinha

Pronto, esta é a receita (da minha tia) que minha mãe me mandou por e-mail!

Mas como eu sou legal, vou completar com mais detalhes (toda esta parte a seguir, vocês entenderam, é da minha cabeça! Minha tia/minha mãe estão isentas de qualquer responsabilidade hehehe)

1- Comece cozinhando o frango para o recheio. Eu usei mais ou menos 400g de peito de frango, é só colocar para cozinhar na água com dois cubos de caldo de galinha. Não esqueça de guardar o caldo para fazer a massa.

2- Depois desfie o frango e refogue com os temperos que quiser. Eu usei : meia cebola cortada bem pequenininha, salsinha e cebolinha, tudo refogado no azeite.

3- Para fazer a massa, coloque em uma panela grande : o leite, o caldo de frango, a manteiga, os 2 ovos, 1 cubo de caldo de galinha. Eu não quebrei as gemas antes de colocar na panela e acho que não foi muito inteligente tentar fazer isto direto na mistura, da próxima vez acho que vou dar uma batidinha de leve no ovo antes. Coloque no fogo até começar a ferver. Aí coloque a farinha de uma vez e use uma colher da pau grande para mexer com força e vontade ! A massa é consistente mesmo, não é muito fácil. Eu fui mexendo/sovando a massa no fogo por uns 10 minutos (um pouco menos, talvez), até ela ficar uniforme e com gosto de massa de coxinha (hehehe). Tire do fogo, abra em uma superfície lisa e deixe esfriar.

4- Eu fiquei checando a massa de vez em quando e achei que ela ia criar uma casquinha se deixasse esfriar sem mexer. Então às vezes eu ia lá e dava uma amassada. Coloquei também um pouquinho de manteiga por cima e espalhei.

5- Quando a massa estiver fria, é hora de brincar de massinha! Comece fazendo uma bolinha com a massa. Coloque a bolinha na palma de uma das mãos, e deixe esta mão semi-fechada, em formato de concha. Vá então abrindo a massa com a outra mão, utilizando sua mão-concha como forma para dar um formato de fundo de coxinha. Aí coloque o recheio, e com os dedos feche a massa, puxando-a para cima para dar o formato do bico da coxinha. Entendeu? Não? Então procura aí no youtube que deve ter algum maluco mostrando como faz hehehe

6- Em seguida, fase de empanar. Eu usei 2 ovos batidos e farinha de rosca. Passe a coxinha no ovo e depois na farinha. Essa parte é a mais fácil! ;-)

7- E finalmente, fritar. O óleo tem que estar bem quente, cobrir toda a coxinha, e você não deve colocar muitas de uma vez (eu fritei de 3 em 3, e a panela era grande). Deixe escorrer um pouquinho no papel toalha e pronto!

Esta receita rendeu 24 coxinhas de tamanho médio (uns 7 cm mais ou menos) e mais 8 bolinhas de queijo pequenas (3 cm).

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O domingo das coxinhas

Eu já tinha adiantado no meu post sobre a pizza de calabresa (leia aqui) que em breve eu provavelmente iria me aventurar a fazer coxinhas. Pois bem, esse dia foi hoje!

Nosso amigo Philippe, francês muito gente boa que fez um intercâmbio no Brasil na mesma época que o Clément, está indo muito em breve para Nova York, onde vai ficar um ano trabalhando. Outro dia, conversando com ele, surgiu não sei como o assunto das coxinhas  - ele e a namorada, Laetitia, dizendo que estavam com vontade de comer coxinha, perguntaram se eu sabia fazer e disseram que viriam ajudar para aprender também. Eu tinha feito coxinha uma vez só na vida, nos idos de 2004/2005, quando estava estudando aqui na França e tinha me dado os 5 minutos. Ou seja, meio que nem conta. Mas aceitei o desafio e comecei do zero: arrumar a receita.

Claro, a internet está aí, tudo fácil, mas e quem garante que a receita é boa mesmo? E como a minha tia Lúcia faz a melhor coxinha do mundo, ontem à tarde peguei o telefone e liguei na casa dela. Tu tu tu e nada. Liguei então para a minha mãe para pedir socorro, e pronto, problema resolvido: ela tinha a receita da minha tia. Me explicou o espírito da coisa pelo telefone e me mandou a receita por e-mail.

E então hoje à tarde, mão na massa: cozinhar o frango, desfiar, temperar, refogar, fazer a massa, deixar esfriar, moldar as coxinhas, empanar, fritar. Não é difícil, mas é longo e trabalhoso. Ainda bem que na hora de moldar as coxinhas, éramos quatro trabalhando. E nós pudemos perceber que aquelas aulas do jardim da infância brincando de massinha serviram para alguma coisa: as danadas das coxinhas ficaram bonitinhas. (Até o meu irmão, que sempre pegou no pé da minha mãe e da minha vó com o formato das coxinhas e esfihas feitas lá em casa, acho que aprovaria as nossas!)

Na hora de fritar, eu com aquele medão das coxinhas abrirem (principalmente as que o Philippe e o Clément fizeram, porque eles entucharam frango até não poder mais)... que nada, tudo perfeito! Vejam só:




E para completar, estavam boas! Sucesso total! Comemos um monte de coxinhas, tomamos guaraná e caipirinha... Um jantarzinho bem brasileiro aqui na capital francesa!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Considerações futebolísticas em véspera de jogo

Domingo levantei um pouco tarde e enquanto preparava meu café da manhã, liguei a televisão. Na TF1 (que para mim é a Globo da França) estava passando o Telefoot, um programa especializado em futebol – é tipo um Esporte Espetacular, mas que só fala de futebol. (Se bem que o Esporte Espetacular, como diz o Clément, deveria se chamar Futebol Espetacular, porque é 90% sobre futebol).

Enfim. Sei que a francesada deste programa de TV estava atacada com o amistoso França x Brasil de amanhã. Impressionante como eles gostam de falar do Brasil em futebol! (por que será, né?!) Foram várias reportagens falando da equipe francesa, uma reportagem investigando “por que o Brasil tem tantos craques?”, uma entrevista com o Zidane falando quase que somente daquelas benditas Copas de 98 e 2006, e uma entrevista com os jogadores da seleção da França que eu achei simpática – apesar de, é claro, estar cheia daqueles clichêzinhos básicos sobre o Brasil.

Perguntam qual é a capital do Brasil, e tome Rio de Janeiro para tudo quanto é lado... Mas teve um que respondeu Brasília para salvar a pátria. (Sei que eu sempre defendi os franceses dizendo que eles não são tapados como os americanos, mas bom... jogador de futebol não conta, né? hehehe) Aí perguntam qual o objeto que mais representa o Brasil: um par de maracas (hein??? Maracas???), uma bola de futebol (dãr) ou um biquini fio dental (ai ai ai). Depois perguntam o que representa a mulher brasileira e aí vem de tudo, desde “a mulher de um brasileiro” (não, meu filho, não necessariamente...;-) ), até “a beleza natural... mas refeita” (ou seja, alusão a cirurgia plástica, coisa que aliás preciso comentar por aqui um dia desses) e passando por “Adriana Lima” e “carnaval do Rio”. Quando a pergunta é se eles conhecem palavras em português... só vem palavrão, que eles devem ter aprendido com os colegas brasileiros que jogam por aqui. E para finalizar, o repórter pede para eles dançarem um pouco de samba... clichê, mas é engraçado, tem uns que até tapeiam bem! Vocês podem ver o vídeo aqui.

A reportagem é bobinha, sem maldade, acho que deve ser por isso que achei simpática. Mas só sei que amanhã à noite, prefiro ver esses franceses menos felizinhos. Ok, é amistoso... mas vale a minha tranquilidade, pois nestas horas meus colegas franceses são como os brasileiros – não vão poupar a gozação! 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

“La Chandeleur” e as crêpes

Hoje, 2 de fevereiro, é o dia da Chandeleur, uma festa religiosa cristã, cujo nome oficial é “Apresentação de Jesus Cristo ao templo”, e que comemora a apresentação do menino Jesus ao templo de Jerusalém e a purificação de sua mãe, a Virgem Maria.

Esta frase inteira aí em cima eu simplesmente traduzi da Wikipédia em francês, onde eu fui parar depois de dar um google para saber o que era exatamente a tal da Chandeleur, já que para mim, pessoa que chegou por aqui nos tempos modernos onde as festas religiosas são cada vez menos conhecidas e celebradas, a Chandeleur é o dia em que, na França, todo mundo tem que fazer crêpes. Aliás, não simplesmente fazer crêpes, mas fazer as crêpes segurando uma moeda na mão e virando a dita cuja no ar com a frigideira – que nem em desenho animado, sabe? E sem derrubar, claro. A tradição diz que é para trazer prosperidade para o ano todo. (Ah sim, e para complicar um pouco mais, já vi também gente dizendo que tem que virar as crêpes no ar, sem derrubar, e tudo isto com a mão esquerda!)



Vocês devem estar se perguntando o que raios as crêpes têm a ver com Jesus e a Virgem Maria, e pois é, também não entendi. A Wikipédia diz que é porque tinha um papa que distribuía crêpes para os peregrinos que iam a Roma para a Chandeleur. Mas a Wikipédia diz também que faltam referências que confirmem isto, e eu sinceramente achei estranho este negócio de crêpe em Roma. Ou seja, não sei.

Mas de toda forma, esta história toda é só preâmbulo para eu colocar aqui a minha receita de crêpes! Quer dizer, receita da minha sogra na verdade, mas que Clément e eu fizemos e refizemos inúmeras vezes no Brasil e que várias pessoas tiveram o privilégio de comer (momento modéstia).  Então lá vai:

Ingredientes para umas 5 ou 6 crêpes (1 pessoa se for a refeição)
100g de farinha
1 ovo
250 ml de leite, água, cerveja, ou mistura (eu uso metade água e metade leite integral)
½ colher de sopa de óleo
Uma pitadinha (inha!) de sal
1 colher de sopa (generosa!) de rum (pode ser conhaque também, mas eu sempre uso rum... ou cachaça na hora do aperto!)

Para fazer a massa, duas opções: ou misturar na mão (sem deixar empelotar), ou bater tudo no liquidificador. Deixar descansar duas horas. A consistência é bem líquida, a crêpe fica leve.

Depois, é a hora de fazer as crêpes. O importante é ter em mãos os instrumentos corretos:  uma frigideira anti-aderente com fundo plano (plano meeeesmo! Uma panquequeira é o ideal), uma espátula grande e uma concha. Pegue um pedaço de papel toalha, coloque um pouco de óleo e “unte” a frigideira no começo e a cada 2 ou 3 crêpes (dependendo da qualidade do seu teflon). Deixe a frigideira esquentar bem, pegue a massa com a concha, despeje aos poucos na frigideira fazendo um movimento circular com a mesma, para espalhar a massa e deixar uma camada bem fina e uniforme por todo o fundo da frigideira. Coloque sobre o fogo e espere ela cozinhar – a massa vai se soltando sozinha, começando pelas bordas. O mais complicado nesta parte é decidir o momento de pegar a crêpe com a espátula, soltá-la inteira, e virar, sem quebrar. A crêpe já tem que estar bem cozida, se não ela não solta e “rasga”, mas também não pode estar queimada. No começo é difícil, a gente sempre estraga algumas, mas é questão de treino.  (E aí quando você estiver craque em  virar com a espátula, passa para a próxima fase e pode tentar virar jogando para o alto!)

Foto do Google - quando eu fizer crêpe aqui em casa, tiro foto e coloco aqui

É possível colocar recheio doce ou salgado nas crêpes, e fazer crêpes simples ou duplas. Para as duplas, é como um sanduíche: primeiro prepare algumas crêpes (para o número de pessoas que vão comer) e deixe reservado, empilhadas sobre um prato. Depois, faça uma crêpe, coloque o recheio assim que virá-la na frigideira, e cubra com uma das crêpes que estava pronta. Para as simples, coloque o recheio assim que virar em metade da crêpe e dobre, fazendo uma meia-lua.

Algumas ideias de recheios salgados típicos:
Presunto e queijo
Presunto, queijo, tomate
Presunto, queijo, champignon
Presunto, queijo, ovo batido
Queijo, tomate, champignon
Salsicha, queijo, tomate

E de recheios doces:
Geléia
Nutella
Nutella e banana
Nutella e coco ralado
Doce de leite

E aí? Quem se arrisca na cozinha?

(Thácia, espero que você resolva tentar! Aí você publica o resultado lá no seu blog... você não vai deixá-lo de lado só porque terminou com a Ofélia, né?!)

Observação importante: em respeito ao Clément, favor não fazer crêpes de frango com catupiry. Obrigada.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Educados até demais...

Tem gente que diz que os franceses são mal-educados. Eu não concordo muito não. Primeiro porque quando acontece de a gente topar com um mais “atravessado”,  acho que eles estão mais para mal-humorados e rabugentos, o que não é exatamente a mesma coisa. E segundo porque às vezes eles são tão, mas tão educadinhos e polidos, que acabam até criando situações um pouco estranhas para quem não tem os mesmos costumes.

Para explicar o que estou querendo dizer, vou ilustrar com dois casos reais o costume dos franceses de segurar a porta para os outros. Segurar a porta da entrada do prédio, da escada do trabalho, porta da farmácia, da padaria, e até da catraca do metrô. E como aqui a maioria das entradas de prédios/lojas tem duas portas, com aquele espaço "morto" no meio para isolar o frio, é porta que não acaba mais (e elas raramente são automáticas). Funciona mais ou menos assim: você acabou de entrar/sair de um lugar, tem alguém chegando logo em seguida para entrar/sair? Então você segura a porta gentilmente, espera a pessoa passar e ela diz “Merci!”. Simples, não?

(Imagem cortesia do Google!)

Pois começa a complicar com a noção do “logo em seguida”, que é um tanto subjetiva.  As vezes o (a) gentil francês (a) fica segurando a porta láááá no final do lance de escadas quando eu ainda tenho uns 8 degraus para descer, e aí acabo me sentindo na obrigação de acelerar o passo. E tem também algumas outras situações onde a gentileza é um pouco relativa, depende do ponto de vista.

O primeiro caso aconteceu comigo outro dia no trabalho. Eu estava descendo as escadas, indo para uma reunião, atrasada, com o laptop em uma mão e com o celular equilibrado entre a orelha e o ombro, falando com a minha chefe. Mas com uma mão livre, justamente para cuidar das portas da escada. Alguém segurou a porta para mim, eu passei e não disse merci. Por quê?, ó céus, por que eu não disse o bendito merci? Simplesmente porque eu estava tão compenetrada que só percebi que seguraram a porta para mim quando já tinha passado e ouvi o resmungo mal-humorado: “podia agradecer, né?!”. Bom. Parei, pedi licença para a chefe no telefone e pedi desculpa para a colega desconhecida, explicando que “désolée, não prestei atenção, estava concentrada”. (Embora o meu lado mal-humorado estivesse com vontade de dizer: “e eu por acaso pedi para você segurar a porta?!” hehehe)

A segunda situação foi ontem à noite, saindo da lavanderia. Eu abro a porta para sair, com a bolsa e a sacola da farmácia em uma mão, e 3 cabides com um terno e duas calças na outra. Tudo isso, é claro, devidamente equipada de cachecol, sobretudo e luvas, o que, convenhamos, não facilita muito a liberdade de movimentos. Empurro a porta do jeito que dá, saio e solto a porta do jeito que dá, bate aquele frio lá fora que vem gelar até a alma, e eu ainda sou obrigada a ouvir: “ei, mal-educada a mademoiselle, hein?! Podia segurar a porta, né?!”. Se ainda fosse um velhinho, eu relevava, mas ah!, por favor... um cara de uns 30 e poucos anos?! Perguntei se ele não queria um cafezinho também, mostrando as mãos todas bem ocupadas.

Só sei que educação demais às vezes cansa... (ou será que sou eu que estou ficando rabugenta?)
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